Sapucaia do Sul é a 2ª Cidade Angels do mundo

 In FHGV, Hospital Municipal Getúlio Vargas, SAMU Sapucaia do Sul

Em uma noite inesquecível, recheada de emoção, Sapucaia do Sul se tornou nesta segunda (25) a mais nova Cidade Angels. Autoridades, profissionais da saúde e da educação, pacientes tratados e alunos parceiros da prevenção ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) lotaram o auditório do IFSul para celebrar a conquista que reconhece o município como exemplo em atendimento rápido e tratamento eficaz da doença. Sapucaia é referência em AVC para mais três municípios e atende aproximadamente 500 pacientes por ano, com taxa de mortalidade que caiu de 14,2% para 6,2%. A Iniciativa Angels, que premiou a cidade, tem abrangência mundial e objetivo principal de reduzir as mortes pela doença.

Sapucaia do Sul conquistou a condição após organizar o Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) para tratar da doença, com reconhecimento, em 2022, pela Organização Mundial do AVC como centro Essencial e aquisição, em 2023, do título Gold Status pela Iniciativa Angels. Depois, o treinamento em práticas ideias de socorro das equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que ontem à noite teve a excelência reconhecida com o recebimento do Diamond Status. Por fim, os sintomas e formas de socorrer vítimas passaram a fazer parte da grade curricular das escolas do município, quando 200 professores foram capacitados para ensinar cerca de 4.000 alunos da rede municipal.

Abrindo as falas da cerimônia, o coordenador da Linha de Cuidado do AVC da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas, instituição que administra o hospital, destacou a união de todos para o sucesso do projeto. Diógenes Guimarães Zãn chamou ao palco líderes de todas as esferas responsáveis pelo trabalho realizado, além dos pacientes que tiveram o atendimento dentro dos padrões exigidos pela certificação e estudantes impactados pela causa. Em um relato carregado de emoção, o neurologista frisou que a festa que a cidade estava vivendo era do tamanho do envolvimento da comunidade com a iniciativa. “Ouvir o depoimento dos pacientes e das crianças é o maior estímulo para seguirmos nesse caminho”, arrematou.

A professora Daliam Pereira Dalla Lama impressionou a todos com o relato da perda da mãe, vítima da doença aos 42 anos. Ao reconhecer a importância de tratar do tema com os alunos, ela citou como exemplo o marido, que anos depois também sofreu AVC, mas que, então, o conhecimento permitiu que tivesse a vida salva. “Saúde e educação é uma parceria que dá certo”, sentenciou. A aposentada de 79 anos, Cecília Braga dos Santos, foi vítima de um AVC enquanto fazia aulas de canto. Além de agradecer aos funcionários do hospital pelo ótimo atendimento recebido, ela cantou “Rosa Branca”, emocionando a plateia, que acompanhou a música ao ritmo de muitas palmas. A letra fala de sofrimento, amor, delicadeza e vida, exatamente o que representa a cura de dona Cecília.

Recuperada de um AVC, Cecília canta no evento
A professora Dalim conta sua experiência com a doença

Comemoração e gratidão

O prefeito de Sapucaia do Sul, Volmir Rodrigues, dedicou o prêmio à população e agradeceu aos profissionais da saúde pelo empenho em salvar vidas. Ele também citou o esforço do município para melhorar a saúde, destacando o investimento de 33% do orçamento na área, quando a lei determina 15%. O diretor-geral da FHGV, Nestor Bernardes, citou o vasto trabalho da instituição, que mesmo com dificuldades presta o melhor serviço possível.
– Toda cidade vibra com esse acontecimento de hoje, resumiu.

Para a secretária municipal de Saúde, Flávia Motta, a sincronia e o engajamento das áreas envolvidas devem ser comemorados. Segundo ela, as várias frentes com um único objetivo durante vários anos possibilitou que a cidade salvasse mais vidas. Djoidy Felipin, secretária de Educação, lembrou que, assim que foi consultada sobre a ideia de levar o assunto às escolas, abraçou a causa. “Todos os professores, diretores e alunos se uniram em favor da vida”, comemorou ela.

Bernardes ressalta o trabalho da FHGV
Sheila e Belén, líderes mundiais na conscientização sobre a prevenção do AVC

Reconhecimentos

Em um clima de muita satisfação e alegria, a líder global da Iniciativa Angels, a espanhola Belén Velazquez, fez a entrega da placa Cidade Angels a representantes de todas as instituições envolvidas. “Estou muito agradecida e orgulhosa pela 2ª Cidade Angels, um projeto que salva vidas no Brasil e no mundo. Para Kamila Fachola, líder nacional da Inicitaiva, a noite celebrava um conquista de verdade. “Sabíamos desde o início que era possível e Sapucaia do Sul fez tudo com excelência”, parabenizou ela.

Carlos Roberto Rieder, presidente da Academia Brasileira de Neurologia, cumprimentou a cidade pelo certificado e lembrou da necessidade da área da saúde se preparar bem para tratar das doenças neurológicas. “As pessoas estão vivendo mais e esta realidade exige que estejamos prontos para atender esses pacientes”, aconselhou. A presidente da Organização Mundial do AVC, Sheila Martins, por sua vez, elogiou a coragem dos envolvidos em aceitar o desafio:
– Bons gestores de saúde fazem a diferença na vida das pessoas.

Samu é reconhecido pela agilidade no atendimento a vítimas de AVC
Crianças demonstram como reconhecer sinais do AVC e chamar socorro

Caminho de sucesso

Iniciativa internacional da farmacêutica Boehringer Ingelheim, o projeto começou em 2017 com 55 hospitais. Até aqui, foram realizados mais de 1.000 treinamentos, totalizando a capacitação de cerca de 50 mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros. Atualmente, mais de 500 hospitais no Brasil participam da Iniciativa e atuam no atendimento multiprofissional do paciente, desde o tratamento da fase hiperaguda na emergência até a reabilitação precoce. Desde o início da implementação, quase nove milhões de pacientes foram tratados adequadamente nos centros treinados pelo projeto Angels em todo o mundo.

Globalmente, atua como um denominador comum em todos nos hospitais, promovendo um senso de comunidade, de forma a motivar mudanças e melhorias na prestação de cuidados com o AVC. A base para isso é a parceria entre os principais especialistas de centros estabelecidos e um comitê diretor para desenvolver a estratégia nacional, além de supervisionar, orientar e manter o projeto nos hospitais participantes.

Público lota auditório do IFSul

Texto: Rogério Carbonera – MTB 7686 / Comunicação FHGV

Fotos: Jocélia Bortoli / Comunicação FHGV

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