Jornalista compartilha experiência da vitória contra o câncer

Em uma parceria entre Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV) e Grupo de Apoio ao Tratamento Oncológico (Grato) de Sapucaia do Sul, o jornalista Daniel Scola esteve na cidade nesta terça-feira (1º) para contar detalhes da luta que travou para vencer um tumor no cérebro. O bate-papo aconteceu no auditório da Sede da FHGV e contou com a presença de funcionários da instituição, pacientes em tratamento ou que enfrentaram o câncer, além de autoridades do município.

“Marquei uma ressonância para um domingo de manhã, pois eu não podia perder um dia de trabalho. Era 29 de junho de 2021”, recorda-se Scola. O exame foi requisitado após o jornalista relatar quadros de tonturas ao médico.
— Era um dia frio e com chuva, pensei em desistir, mas como já tinha tomado banho, decidi ir rapidinho, pois o hospital era bem perto da minha casa.

Quando terminou o exame, o jornalista estranhou a atitude da pessoa que havia realizado o procedimento. “Ela me perguntou se eu estava investigando alguma coisa ou se era apenas um check-up, mas que o médico iria me ligar mais tarde. Fui pra casa muito intrigado, pois nunca um médico me telefonou para comentar resultado de exame”, lembra.

Meia tarde daquele domingo de cara feia, Scola atende o telefone para ouvir a notícia que jamais pensou escutar: estava com um tumor no cerebelo. “Perdi o chão, não queria acreditar. Como assim? Câncer? Não é possível! O que vou fazer?”, descreve ele diante da incredulidade com que ouviu a sentença.
— O médico me disse: temos três possibilidades. Você morrer, ficar vegetativo ou viver com algumas sequelas.

Diante do catastrófico cenário, o jornalista ainda tentou minimizar o quadro. “Eu disse na Rádio Gaúcha que sairia por 15 dias para fazer uma cirurgia, mas foram meses e mais meses, com dois procedimentos cirúrgicos e incontáveis sessões de radioterapia e quimioterapia”, conta ele.

Desistir jamais

Quase ao final do tratamento, muito debilitado, dificuldade para se alimentar, inúmeras intercorrências, pensou que já havia entregado todas as forças na luta contra o mal. “O médico me disse, Scola, ninguém desiste aos 45 do segundo tempo. Vamos, que estamos quase lá”, recapitula o jornalista, citando a ajuda que teve ao longo da batalha.
— Confiar sempre nos médicos e na medicina, ter uma rede de apoio, amigos e família. E fé, por que não? O que o paciente mais precisa é receber um abraço, um beijo, um carinho. Alguém que estenda a mão, que durma contigo no hospital, que te acompanhe, construindo a rede de apoio fundamental para a cura.

Revisando a vida que levava antes da doença, Scola arrepende-se de sempre ter colocado o trabalho em primeiro lugar, deixando de lado, muitas vezes, a convivência familiar. “O câncer levou algumas das minhas habilidades, impossibilitou que eu fizesse muitas coisas das quais eu gostava, prejudicou a minha voz, que era meu instrumento de trabalho, mas estou aqui, podendo me comunicar, ler e escrever, hábitos que sempre cultivei,” comemora o vitorioso.

Em setembro do ano passado, o jornalista lançou o livro Aluno da Tempestade, que relata as lições da batalha contra a doença e como elas podem ajudar os leitores. A sessão de autógrafos no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, durou mais de cinco horas, sendo que muitos fãs e amigos foram embora sem dedicatória na obra. O livro pode ser adquirido de forma online, no site da Amazon.

Texto e fotos: Rogério Carbonera – MTB 7686 / Comunicação FHGV