Sobrevivente do ônibus desgovernado deixa hospital após 13 dias

 In FHGV, Hospital Municipal Getúlio Vargas, Notícias

Era para ser mais um alegre fim de tarde de corrida entre amigos. Único obstáculo no horizonte, o escaldante calor de um verão poucas vezes visto. Paula e um grupo de aproximadamente 20 atletas faziam o treino programado para aquela quinta-feira (06/03). A saída da praça General Freitas, no centro de Sapucaia do Sul, exigia três voltas até o supermercado Rissul para completar os 30 minutos de atividade. Eis que, ao percorrer o último circuito, um forte barulho, seguido de muitos gritos, interrompeu sorrateiramente a prática esportiva.

Um micro-ônibus desgovernado, cujo motorista sofreu um mal súbito, invadia a iluminada pista de caminhada e corrida, às margens dos trilhos do trem, entre Sapucaia e Esteio. As amigas de Paula saltaram para o meio da rua. Sem tempo para fazer o mesmo, ela agarrou-se à cerca da Trensurb. Apavorada, esperou o choque, enquanto via uma mulher sendo arrastada pelo veículo. “Toda a lateral do ônibus foi passando, me rolando e amassando contra a cerca”, recorda a técnica de enfermagem, contando as horas para receber a alta do Hospital Municipal Getúlio Vargas, para onde foi socorrida junto com Rosimeri da Silva, de 50 anos, que não teve a mesma sorte e faleceu ainda naquela noite.

“Jogada na calçada, achei que havia chegado a minha hora. Lembrei dos meus filhos e pedi que chamassem socorro. A ambulância do Samu chegou de forma tão rápida que até me surpreendi”, relata Paula. O fato de não conseguir mexer as pernas atormentava seus pensamentos, mesmo quando já estava em atendimento no hospital:

– No início da madrugada de sexta, após a realização de raio-X e tomografia, pude ficar mais tranquila, pois os exames não detectaram nada mais grave.

Uma semana após a internação, se fez necessária uma intervenção cirúrgica por conta das lesões musculares nas coxas e quadril, que produziram hematomas e coágulos sanguíneos. “Decidimos pela drenagem para evitar risco de infecção e melhora do quadro doloroso consequente do traumatismo dessas lojas musculares. Colocamos dreno de sucção, que é retirado em quatro ou cinco dias, conforme a evolução”, explica o cirurgião geral Carlos Eduardo Teixeira.

Na tarde desta quarta-feira (19/03), Paula fez os últimos curativos no HMGV

Filme com final feliz

Perguntada sobre como definiria o acidente, Paula Grossla Foss, uma jovem de 34 anos e residente em Esteio, recorreu ao cinema para fazer a comparação. “A gritaria foi tanta e um barulho tão forte que as cenas pareciam um filhe de terror. E vendo as imagens hoje, chego a pensar que a tragédia poderia ter sido ainda maior”, diz ela. Ao lado do pai, durante uma das tantas visitas que recebeu dele, lembra de agradecer:

– É obra de Deus eu estar viva, sou muito grata a Ele, mas também a todos os funcionários do hospital de Sapucaia, da equipe de higienização aos médicos, pois todos foram maravilhosos.

Vladimir Leonardo Foss, de 65 anos, veio de Capão da Canoa para acompanhar a recuperação da filha. Disse que no momento ficou preocupado por ela ter sido levada ao Getúlio Vargas. “Tive uma experiência aqui há 40 anos que não foi boa e ficou na minha memória. Hoje, estou maravilhado com esse hospital, agradeço e parabenizo por tudo que estão fazendo”, reforça o pai, aliviado e feliz.

Paula era só sorrisos ao deixar o hospital nesta quarta-feira (19/03), 13 dias após tragédia. No quarto que dividiu com mais uma paciente, o clima era de festa na despedida. A pedido, posou para uma foto em frente ao HMGV, local onde trabalhou por um ano no início da carreira de técnica de enfermagem. “Nunca pensei que um dia voltaria para cá como paciente, mas a vida tem dessas coisas”, comenta a sobrevivente de uma verdadeira corrida com obstáculos.

Texto: Rogério Carbonera – MTB 7686 / Comunicação FHGV

Fotos: Jocélia Bortoli / Comunicação FHGV

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