Do medo e da dificuldade do diagnóstico ao alívio da cura
Julho de 2022. Carlos Arthur Pereira, então com 17 anos, saudável e esportista, começou a sentir dores em uma perna. Procurou um médico particular, que receitou medicamento para desconforto muscular. Alguns dias depois, o jovem não caminhava mais. Assustados, aflitos e apreensivos, os pais o levaram para a Emergência do Hospital Tramandaí (HT). Era manhã de uma segunda-feira, dia 18.
Inicialmente, pelo quadro descrito pela família, a equipe médica suspeitou de leptospirose. Depois, pelas manchas na pele, varíola do macaco. O médico emergencista Lucas Simões Lamego, do HT, lembra que, embora esses sinais, desconfiou que era algo mais sério, uma possível infecção que precisava ser tratada com antibiótico. “Começamos, então, a administração de antibiótico com o intuito de evitar sequelas maiores, como a perda da perna. Pesquisamos, estudamos muito para que tivéssemos um diagnóstico preciso”, relata.
Após quase 30 dias de internação, sendo dez na UTI, o problema persistia, sem um quadro certeiro, definitivo. Com o pedido de transferência aceito para o Hospital Conceição, Carlos Arthur foi internado em Porto Alegre. Ali, permaneceu por 15 dias realizando e repetindo uma série de exames, sendo colocado até em isolamento por um período. Por fim, o diagnóstico: osteomielite aguda hematogênica de fêmur, que vem a ser uma infecção ou inflamação de um osso, causada por bactéria ou fungo.
Retornando a Tramandaí, Carlos precisou completar o tratamento no hospital local, que é administrado pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV). Esta etapa durou mais 12 dias. Quem acompanhou o paciente neste período foi a médica Priscila Seibert. Ela contou que a bactéria entrou no organismo do paciente pelo sangue, o que é muito raro. “Só bruxaria explica, – diz ela brincando – pois não há explicação médica para esse tipo de contaminação”, completa. O jovem teve alta no dia 14 de setembro, 56 dias após ser internado e, por coincidência, um presente para o pai, que aniversaria nessa data.
Reconhecimento e emoção
No final de junho passado, em uma barbearia de Tramandaí, Carlos Moisés Pereira, conheceu por acaso o gerente do HT, Roger Esteves. Ao saber de quem se tratava, ele falou do desejo em visitar a instituição para agradecer o tratamento recebido. Então, na quinta-feira (10/08), quase um ano depois da alta, a família retornou ao Hospital Tramandaí. Desta vez bem mais aliviada e feliz, com o propósito de rever as pessoas que se dedicaram à saúde do rapaz. “Fomos muito bem atendidos aqui, nunca nos faltou nada. Posso dizer que a vida do meu filho foi preservada pelo comprometimento e dedicação de todos os funcionários do hospital”, agradeceu o pai.
“Considero o Dr. Lucas um anjo que salvou meu filho”, disse a mãe Elizabete Zilmann ao rever o médico. Entre cumprimentos, sorrisos e abraços, ela lembrou do período de internação. “Foram momentos muito angustiantes por não saber o que estava acontecendo com o meu filho. Mas, hoje, estou muito agradecida por tudo o que foi feito aqui no hospital. Ninguém mediu esforços para salvar a vida dele”.
Durante o alegre reencontro e em meio a brincadeiras com a equipe que o atendeu, Carlos Arthur recordou os momentos mais difíceis que já passou. “Cheguei a pensar que nunca mais caminharia, inclusive me despedi várias vezes dos meus pais. Ainda tenho um pouco de dor, sei que a recuperação é lenta, mas tenho certeza que vou conseguir levar uma vida normal”.
Hoje, Carlos Arthur trabalha ajudando o pai no ramo da construção civil. Faz fisioterapia e pretende ingressar na universidade, projeto que foi adiado devido ao grave problema de saúde que precisou superar. Já a equipe que cuidou do rapaz, ficou surpresa com o gesto da família. “É emocionante, principalmente por ser raro, alguém voltar para agradecer o que a gente fez”, comentou o médico emergencista.
Texto e Fotos: Rogério Carbonera – MTB 7686 / Comunicação FHGV
