Doação de órgãos: dor transformada em amor

 In FHGV, Hospital Municipal Getúlio Vargas

A falta de diálogo em família sobre o tema doação de órgãos, a desinformação e a dificuldade para entender a respeito da morte encefálica são empecilhos para a concretização de transplantes no Brasil. Além desses entraves, a pandemia do coronavírus fez diminuir o número de doadores e transplantados. De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio Grande Sul, há redução de 28% nos transplantes e diminuição gradativa de doadores. Em 2019, foram 243; em 2020, 182; e até agosto de 2021, 96 doadores. Nesta semana, aconteceu o Dia Nacional da Doação de Órgãos (27/09), e a data busca conscientizar as pessoas para que conversem com familiares e amigos sobre o tema.

O Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) pertence à Organização de Procura de Órgãos (OPO) 1, que está ligada à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. De janeiro a setembro, duas pessoas puderam receber órgãos ou tecidos de doadores com morte encefálica notificada no Getúlio Vargas. Mesmo num momento difícil para a família, o programador Francisco Müller, foi um dos que autorizou a doação dos órgãos da mãe, após ter sido constatada a morte encefálica.

“A gente falava muito pouco sobre isso. Não é um assunto muito comum até porque envolve a morte de uma pessoa. As poucas vezes que isso aparecia, quando a gente via uma notícia na TV a respeito de alguém receber alguma doação, que existem filas de pessoas esperando uma doação ou até uma novela que abordava esse assunto, a gente tocava no tema com muito respeito e solidariedade com as pessoas que estavam esperando. Mesmo com pouca divulgação, a gente sabia da importância para os que esperam as doações para não morrer ou para ter uma qualidade de vida por estar em algum aparelho. Eu e minha mãe sempre encaramos isso de uma maneira positiva”, conta.

Comissão

O HMGV e o Hospital Tramandaí, que também está sob a gestão da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas, no Litoral Norte, contam com a Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). O grupo multidisciplinar reúne-se com o objetivo de promover conversas sobre casos, abordagens de familiares e abertura de protocolos de morte encefálica na unidade de terapia intensiva e emergência. “A conversa que tive com equipe do Getúlio Vargas foi o que me fez tomar a decisão de doar porque eu tinha muita dúvida sobre como acontecia. Eles me explicaram coisas bem importantes e básicas, que minha mãe teve morte encefálica e que o melhor cenário para doação de órgãos é quando o cérebro para e os outros órgãos não são afetados. Um infarto, por exemplo, acaba afetando”, observa.

Müller explica que a equipe do HMGV alertou que, na época, existiam mais de duas mil pessoas na fila de espera só no Rio Grande do Sul. “Isso foi o diferencial para ajudar a tomar a decisão de doar. Todas as pessoas foram atenciosas no hospital até porque eu não entendia do assunto. Eu estava triste e abalado por minha mãe ter acabado de morrer e ter coisas a resolver. Minha mãe sempre gostou de ajudar as pessoas e eu me coloco no lugar de algum familiar que tenha alguém que precisa e, se fosse comigo, eu ia adorar”, afirma.

Texto e foto: Jocélia Bortoli – MTB 9653 / Comunicação FHGV

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