Desenvolvedor cria sistema durante ócio criativo em isolamento social e doa para FHGV

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Desde o surgimento do primeiro caso de coronavírus no Brasil no final de fevereiro uma série de restrições e medidas estão mudando a rotina de todos os brasileiros. Cada um enfrenta a seu modo e tenta até aproveitar o tempo para colocar em prática uma ideia. Pensando dessa forma e pressionado pelo isolamento social por causa da pandemia da Covid-19, um analista desenvolvedor criou em três dias um sistema que vem facilitando a entrega de documentos e a admissão de novos trabalhadores da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV).

Tudo surgiu a partir de uma conversa entre a trabalhadora da Fundação, Kamila Buzatto, que é assistente administrativa na Unidade de Gestão do Trabalho e o esposo Michel Miléski. “Ele acompanha meu dia a dia e ficou sabendo do quanto eu e minhas colegas de setor trabalhamos com muito papel e atendemos todos os convocados de concursos e processos seletivos admitidos pela FHGV. Para nos ajudar e com base nas necessidades que relatei, ele criou um sistema que até então não existia e funciona totalmente pela internet”, conta.

Miléski percebeu que a esposa e outras profissionais do setor teriam que ter contato com muitas pessoas, pois com o coronavírus mais profissionais da saúde precisam ser contratados. Além disso, ele viu que a função desempenhada por Kamila e colegas não permite o trabalho em home office como acontece com outras áreas da instituição. Levando em consideração essas situações e depois de questionar o não uso de sistemas existentes como o We Transfer, o DropBox e o Drive, ou até mesmo o aumento da capacidade do e-mail, o desenvolvedor criou um novo sistema e doou à FHGV.

“Questionei o motivo de não ser usado uma das possibilidades existentes, mas de acordo com a necessidade do setor, verificou-se que muitas pessoas mal conseguem utilizar um smartfone e, como são vários documentos, sobrecarregava muito o e-mail se fosse por ele. Por isso, vi que precisava ser algo mais dinâmico. A Kamila apontou as necessidades, fiz um modelo em três dias e mandei para testarem na Fundação. Se gostassem, desenvolveria o sistema que gera o envio de cópias de documentos de aprovados convocados em concursos e seleções e pensei no sistema voltado para a admissão. Tudo pode ser feito via mobile, telefone, ou por computador, conduzido online pelas equipes que vão analisando, aprovando ou reprovando caso um documento não esteja legível, por exemplo. Junto tem um chat para as pessoas tirarem dúvidas, o que descongestiona a linha telefônica. O sistema usado há 15 dias funciona através de um link que a pessoa cadastrada recebe e age baseada em cliques. Desde a primeira versão, venho aprimorando o sistema conforme vai sendo usado. Se a pessoa não tem no celular ou computador a foto ou PDF de um documento, ao clicar na ação, abre a câmera do celular para fotografá-lo”, detalha.

Assim que a cópia do documento é enviada, surge uma cor em azul que consta o status em aprovação. Depois, o verde significa que está tudo aceito, e o vermelho, não aceito. No momento, o sistema está em fase de expansão para outras unidades da FHGV fora de Sapucaia do Sul, como o Hospital Tramandaí. Outra vantagem apontada pelo criador do sistema que está ajudando as pessoas a se manterem isoladas, durante a pandemia, volta-se para a facilidade de o interessado na vaga para a qual foi convocado poder entregar os documentos em qualquer hora dentro do prazo que consta em edital.

“Por mais que esse novo sistema tenha possibilidade de lucro, não é hora para isso. Meu setor de desenvolvimento se não tiver os demais setores aquecidos, não vou ganhar dinheiro”, afirma Michel Miléski

Doação

Em um momento que muitas empresas estão com atividades paradas e unidas em solidariedade com doações que acontecem tanto no Brasil quanto em outros países afetados pelo coronavírus, Miléski também quis colaborar. “Por mais que esse novo sistema tenha possibilidade de lucro, não é hora para isso. Meu setor de desenvolvimento se não tiver os demais setores aquecidos, não vou ganhar dinheiro. Quando vi que muitas pessoas iam se aglomerar para entregar os documentos, e ainda mais por serem trabalhadoras da saúde, quis ajudar. Já vinha há um ano pensando que poderia fazer algo para facilitar a rotina de minha esposa e o coronavírus foi o estopim, Agora, o dinheiro é para outras necessidades mais emergenciais na saúde. Eu estava ocioso em isolamento, porém, procurei ser criativo e produtivo”, observa.

O analista desenvolver diz se sentir orgulhoso em ver que o sistema está sendo usado e está fazendo outros testes para aprimorar o sistema que passa por pesquisa de satisfação dos usuários e recebe sugestões. “Estou auxiliando a tecnologia da informação da FHGV a melhorar e sou parceiro nesse sentido”, finaliza Miléski.

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