“Com o GRATO a gente não se sente tão desorientada durante o tratamento”

 In FHGV, Hospital Municipal Getúlio Vargas, Notícias

O período de descoberta e tratamento do câncer costuma ser delicado e difícil para os pacientes. Acolher, orientar e amparar é o papel do Grupo de Apoio ao Tratamento Oncológico (GRATO) durante este convívio contra a doença. Muitas das frequentadoras do grupo veem as reuniões como sinônimo de suporte e conforto. Como é o caso de Mara, que desde março participa das reuniões, compartilhando nos debates o seu tratamento contra o câncer de mama.

Era maio de 2017. Conhecido como mês das mães e das noivas, costuma ser uma época do ano marcante para muitas mulheres, porém para Mara Rosane Rosa de Souza, de 46 anos, maio passou a trazer ainda mais significados. “Eu havia feito uma cirurgia na coluna naquela época, foi um processo de recuperação delicado. Quando finalmente consegui tomar banho sozinha, percebi um nódulo no bico do meu seio”.

Logo após a descoberta, Mara começou a procurar médicos em busca de uma resposta, e ela chegou. Cinco de dezembro foi o dia em que a descoberta do câncer iniciou a batalha travada até hoje. “Descobri o câncer aqui no HMGV, pois antes, em outros locais, sempre diziam que o nódulo sairia com antibióticos. De início, os médicos me disseram que eu teria que retirar o bico do seio, no fim das contas tive que retirar a mama completa, pois o câncer se alastrou. Foi um choque pra mim”.  A cirurgia ocorreu em 10 de janeiro e ela já passou por duas quimioterapias.

O início da queda dos cabelos não foi um susto tão grande, confirma Mara. “Logo que me disseram que eu deveria fazer quimioterapia e que o cabelo iria cair, eu já cortei ele.  Logo devem começar a cair os cílios e sobrancelhas devido às quimioterapias e radioterapia. Eu me sinto preparada pra isso”.

Mara, que anteriormente trabalhava como auxiliar de escritório na empresa da família, tenta se manter confiante, mas nem sempre consegue. Afirma que em alguns momentos é a filha Raquel, 23 anos, quem lhe traz a vaidade e amor próprio “Tem dias que é muito difícil. A quimioterapia te deixa muito enjoada e tonta, bem pra baixo mesmo. Eu costumo ser forte e ficar de pé, mas tem dias em que é realmente complicado, e só quero ficar em casa. Minha filha sempre me põe pra cima. ‘Mãe, vamos dar uma volta, te arruma põe um lenço, um brinco’. Ela tem sido meu porto seguro”.

Segundo ela, as reuniões no Grupo de Apoio ao Tratamento Oncológico (GRATO) têm sido uma parte muito importante na sua batalha contra o câncer. “É no GRATO que eu posso conhecer mais sobre a minha doença, saber como funciona uma quimioterapia, através dos debates e das palestras com especialistas. Comecei a frequentar em março deste ano, e logo na minha primeira visita quem palestrou foi o médico que me operou. Com o GRATO a gente não se sente tão desorientada, já que é uma parte do corpo que se perde “.

O GRATO também proporcionou à Mara uma prótese mamária, chamada de Mama do Amor, feita de alpiste. “Sem a mama, as tuas roupas já não ficam como antes, tua autoestima fica nula.  Com a mama agora posso me vestir como antes, o que já auxilia no meu bem-estar”.

Na reunião realizada na última terça-feira (8), o tema do encontro foi o Dia das Mães. Nas paredes, via-se varais de fotos com as mães do grupo. Então cada mãe pode falar sobre a sua foto e compartilhar sua evolução. Após, o coffee break com lanches trazidos pelas participantes.

Além das Mamas do Amor, o GRATO oferece à mulheres do grupo de apoio debates, palestras, um ambiente de acolhimento. O GRATO surgiu da necessidade de se prestar um cuidado mais solidário aos usuários oncológicos e seus familiares, oferecendo um suporte humanizado em tratamento de câncer. Para isso, reúne equipe multiprofissional que inclui médico, enfermeiro, farmacêutico, nutricionista, psicólogo e assistente social. Nas reuniões acontecem atividades coletivas, trocas de experiências e depoimentos pessoais. Dezenas de pessoas, a maioria formada por mulheres, já participaram ou participam dos eventos do Grupo. As reuniões ocorrem na primeira terça-feira de cada mês.

Finalizando, Mara traz a todas as mulheres que estão passando pelo câncer um conselho: “Não se abatam e não desistam. Sei que tem dias em que não é fácil, mas com alguém do lado dando apoio e explicando como as coisas funcionam torna tudo mais fácil”.

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